Conselho Consultivo avalia Registro do Fandango Caiçara
como Patrimônio Cultural
Festas, trabalhos e a natureza são alguns dos temas que viram cantigas na tradição cultural comum no litoral de
São Paulo e do Paraná
Trabalho e divertimento, música e dança, saberes
e fazeres. Essas são algumas
das características marcantes do Fandango Caiçara, uma expressão musical-coreográfica-
poética e festiva encontrada, principalmente, nos municípios de Iguape e Cananéia, em
São Paulo, e Guaraqueçaba, Paranaguá e Morretes, no Paraná, estendendo-se a
pequenos trechos dos municípios de Paruíbe e Ilha Comprida, também em São Paulo.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
estará reunido no próximo dia 29 de
novembro, no edifício Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, onde, entre
outros temas, avaliará a proposta de registro do Fandango Caiçara como Patrimônio Cultural do Brasil, a ser protegido pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN).
O fandango é um elemento fundamental para a construção e afirmação da identidade cultural das comunidades
caiçaras, que fortalece
a articulação, resistência da
identidade, e manutenção de suas práticas culturais. O pedido de reconhecimento e
registro feito pelas associações Fandangueiros do Município de Guaraqueçaba, de Cultura Popular Mandicuéra, dos Jovens da Juréia, dos Fandangueiros de Cananéia, Cultural Caburé, e Rede Cananéia; além dos institutos Silo Cultural
e de Pesquisa Cananéia foi apresentado ao Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI-IPHAN), por
meio do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP).
As Cantigas - versos improvisados ou de repertórios tradicionais - são criadas
pelos fandangueiros, que também recriam as letras de acordo com acontecimentos
cotidianos (trabalho, bailes, brigas, natureza, além de eventos históricos). O fandango classifica-se em batido (os dançantes usam tamancos e precisam ser preparados, devido à complexidade e variações dos passos) e bailado ou valsado (os pares se
mantêm em roda e todos
participam, sem coreografia específica). Muitas vezes
um homem é o mestre ou puxador, seu tamanqueado é uma referência para os demais
batedores. O fandango está ligado à organização do trabalho coletivo (mutirão), onde o dono da terra a ser trabalhada convoca a comunidade para auxiliá-lo. Vizinhos e
camaradas se reúnem para ajudar a
erguer uma casa, varar uma canoa, fazer
lanço de tainha, ou durante os preparativos para um casamento. Recebem como recompensa
um fandango,
além de comida
farta e aguardente.
As comunidades caiçaras comemoram,
com fandango, os aniversários, casamentos, batizados, a
Festa
de São Pedro, romarias
do Divino, e a louvação a São Gonçalo feita
na abertura do fandango como pagamento de promessas. Os bailes são acompanhados de mesas fartas (pratos à
base
de peixe, mariscos,
farinha de mandioca
e de milho, carne de caça, doces, cachaças curtidas em ervas ou com
melado). Nesse momento, a comunidade atualiza as notícias e reforça as relações de parentesco, a convivência entre tocadores, dançadores e a comunidade mantém a
memória e a prática das diferentes músicas e danças, e a continuidade do
conhecimento musical em torno do fandango e sua evolução.
Por meio do fandango, todo um sistema cultural se produz e reproduz, com diversas formas de execução de instrumentos musicais
(viola, rabeca, adufo,
violão e
cavaquinho, além de instrumentos de percussão), melodias, versos e coreografias.
A viola de fandango ou fandangueira é feita com madeiras da região e pode ser construída através de dois processos: em fôrma
ou cavoucada. Possui um variado
número de cordas, cinco, seis, sete ou dez, além de uma corda mais curta, chamada
de turina, cantadeira ou piriquita, que dá o tom da voz do violeiro.
As afinações podem
ser de três tipos: pelas três, pelo meio ou intaivada (derivada de oitavada).
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Também está na pauta da reunião
do Conselho Consultivo em Brasília a proposta de tombamento da Ponte Pênsil
Affonso Penna, em Itumbiara – GO, e
da Ponte Eurico
Gaspar Dutra, em Corumbá – MS.. O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural,
presidido pela presidenta do IPHAN, Jurema Machado, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo,
são 22
conselheiros de instituições como Ministério do Turismo, Instituto
dos Arquitetos do Brasil,
Sociedade de Arqueologia Brasileira,
Ministério da Educação, Sociedade
Brasileira de Antropologia e Instituto Brasileiro de Museus –
Ibram e da sociedade civil.
Serviço:
Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Data: 29 de novembro de 2012, de 10h às 18h
Local: Salão Portinari – Edifício Palácio Gustavo Capanema Rua
da Imprensa, 16 –
Centro
Rio de Janeiro –
RJ
Mais informações para a imprensa: Assessoria de Comunicação IPHAN comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024-5476 / 2024-5477
Chico Cereto – chicocereto@gmail.com
(21) 2233-6334 / 9127-7387
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