quarta-feira, 28 de novembro de 2012

REGISTRO DO FANDANGO CAIÇARA COMO PATRIMÔNIO BRASILEIRO



Conselho Consultivo avalia Registro do Fandango Caiçara como Patrimônio Cultural

Festas, trabalhos e a natureza são alguns dos temas que viram cantigas na tradição cultural comum no litoral de São Paulo e do Para

Trabalho e divertimento, música e dança, saberes e fazeres. Essas são algumas das características marcantes do Fandango Caiçara, uma expressão musical-coreográfica- poética e festiva encontrada, principalmente, nos municípios de Iguape e Cananéia, em São Paulo, e Guaraqueçaba, Paranag e Morretes, no Paraná, estendendo-se a pequenos trechos dos municípios de Paruíbe e Ilha Comprida, também em São Paulo.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural estará reunido no próximo dia 29 de novembro, no edifício Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, onde, entre
outros temas, avaliará a proposta de registro do Fandango Caiçara como Patrimônio Cultural do Brasil, a ser protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

O fandango é um elemento fundamental para a construção e afirmão da identidade cultural das comunidades caiçaras, que fortalece a articulação, resistência da identidade, e manuteão de suas práticas culturais. O pedido de reconhecimento e registro feito pelas associações Fandangueiros do Município de Guaraquaba, de Cultura Popular Mandicuéra, dos Jovens da Juréia, dos Fandangueiros de Cananéia, Cultural Caburé, e Rede Cananéia; além dos institutos Silo Cultural e de Pesquisa Cananéia foi apresentado ao Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI-IPHAN), por meio do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP).

As Cantigas - versos improvisados ou de repertórios tradicionais - são criadas pelos fandangueiros, que também recriam as letras de acordo com acontecimentos cotidianos (trabalho, bailes, brigas, natureza, além de eventos históricos). O fandango classifica-se em batido (os dançantes usam tamancos e precisam ser preparados, devido à complexidade e variações dos passos) e bailado ou valsado (os pares se mantêm em roda e todos participam, sem coreografia específica). Muitas vezes um homem é o mestre ou puxador, seu tamanqueado é uma referência para os demais batedores. O fandango está ligado à organização do trabalho coletivo (mutirão), onde o dono da terra a ser trabalhada convoca a comunidade para auxiliá-lo. Vizinhos e
camaradas se reúnem para ajudar a erguer uma casa, varar uma canoa, fazer lanço de tainha, ou durante os preparativos para um casamento. Recebem como recompensa
um fandango, além de comida farta e aguardente.

As comunidades caiçaras comemoram, com fandango, os aniversários, casamentos, batizados, a Festa de o Pedro, romarias do Divino, e a louvação a São Gonçalo feita na abertura do fandango como pagamento de promessas. Os bailes são acompanhados de mesas fartas (pratos à base de peixe, mariscos, farinha de mandioca e de milho, carne de caça, doces, cachaças curtidas em ervas ou com melado). Nesse momento, a comunidade atualiza as notícias e reforça as relações de parentesco, a convivência entre tocadores, dançadores e a comunidade mantém a memória e a prática das diferentes músicas e danças, e a continuidade do conhecimento musical em torno do fandango e sua evolução.

Por meio do fandango, todo um sistema cultural se produz e reproduz, com diversas formas de execução de instrumentos musicais (viola, rabeca, adufo, violão e

cavaquinho, além de instrumentos de percussão), melodias, versos e coreografias. A viola de fandango ou fandangueira é feita com madeiras da região e pode ser construída através de dois processos: em fôrma ou cavoucada. Possui um variado número de cordas, cinco, seis, sete ou dez, além de uma corda mais curta, chamada
de turina, cantadeira ou piriquita, que o tom da voz do violeiro. As afinações podem ser de três tipos: pelas três, pelo meio ou intaivada (derivada de oitavada).

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural

Também está na pauta da reunião do Conselho Consultivo em Brasília a proposta de tombamento da Ponte Pênsil Affonso Penna, em Itumbiara GO, e da Ponte Eurico
Gaspar Dutra, em Corumbá MS.. O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, presidido pela presidenta do IPHAN, Jurema Machado, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22
conselheiros de instituições como Ministério do Turismo, Instituto dos Arquitetos do Brasil, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Ministério da Educação, Sociedade
Brasileira de Antropologia e Instituto Brasileiro de Museus – Ibram e da sociedade civil.

Serviço:

Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural Data: 29 de novembro de 2012, de 10h às 18h
Local: Salão Portinari Edifício Palácio Gustavo Capanema Rua da Imprensa, 16 – Centro
Rio de Janeiro – RJ

Mais informações para a imprensa: Assessoria de Comunicação IPHAN comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024-5476 / 2024-5477
Chico Cereto chicocereto@gmail.com
(21) 2233-6334 / 9127-7387

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